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Novo relatório da OMS detalha práticas antiéticas da indústria de fórmulas infantis

Novo relatório da OMS detalha práticas antiéticas da indústria de fórmulas infantis
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mar. 3 - 5 min de leitura
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Mais da metade dos pais e mulheres grávidas (51%) entrevistados (as) pela OMS/UNICEF para o relatório  "Como o marketing do leite em pó influencia nossas decisões sobre alimentação infantil” afirmaram terem sido impactadas por estratégias de marketing antiéticas usadas pela indústria de fórmulas infantis.

Ao todo, 8.500 pais fizeram parte da pesquisa, além de 300 profissionais de saúde. Todos vivem em cidades  de Bangladesh, China, México, Marrocos, Nigéria, África do Sul, Reino Unido e Vietnã. A exposição ao marketing de fórmulas de leite atinge 84%  das mulheres pesquisadas no Reino Unido; 92% das mulheres pesquisadas no Vietnã e 97% das participantes que moram na China, e isso aumenta sua probabilidade de escolher a alimentação com fórmula.

O relatório da OMS/UNICEF revela que, para vender leite em pó, empresas usam estratégias de marketing sistemáticas e antiéticas. Inclusive, a indústria deste segmento é avaliada em US$55 bilhões. As indústrias não só influenciam o poder de decisão dos pais, como também violam os padrões internacionais sobre práticas de alimentação infantil.  

Ações de marketing da indústria de fórmulas infantis são antiéticas

O relatório conclui que as técnicas de marketing da indústria envolvem: segmentação on-line não regulamentada e invasiva; redes de aconselhamento e linhas de apoio patrocinadas; promoções e brindes; e práticas para influenciar a formação e recomendações entre os profissionais de saúde. 

As mensagens que pais e profissionais de saúde recebem são muitas vezes enganosas, cientificamente infundadas e violam o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno – um acordo histórico de saúde pública aprovado pela Assembleia Mundial da Saúde em 1981 para proteger as mães de práticas agressivas de marketing da indústria de alimentos para bebês.

Em todos os países incluídos na pesquisa, as mulheres expressaram um forte desejo de amamentar de forma exclusiva, variando de 49% das mulheres em Marrocos a 98% em Bangladesh. No entanto, o relatório detalha como o fluxo contínuo de mensagens de marketing enganosas está reforçando mitos sobre amamentação e leite materno e minando a confiança das mulheres em sua capacidade de amamentar com sucesso. Essas crenças incluem a necessidade de fórmula nos primeiros dias após o nascimento, a inadequação do leite materno para a nutrição infantil, que ingredientes específicos da fórmula infantil comprovadamente melhoram o desenvolvimento ou a imunidade da criança, a percepção de que a fórmula mantém os bebês saciados e que a qualidade do leite materno diminui com o tempo.

A amamentação na primeira hora após o nascimento, seguida de amamentação exclusiva por seis meses e amamentação contínua por até dois anos ou mais, oferece uma poderosa linha de defesa contra todas as formas de desnutrição infantil, incluindo emaciação e obesidade. A amamentação também atua como a primeira vacina dos bebês, protegendo-os contra muitas doenças comuns da infância. Também reduz o risco futuro das mulheres de diabetes, obesidade e algumas formas de câncer. No entanto, globalmente, apenas 44% dos bebês com menos de 6 meses de idade são amamentados exclusivamente. As taxas globais de aleitamento materno aumentaram muito pouco nas últimas duas décadas, enquanto as vendas de leite artificial mais que dobraram no mesmo período. 

Alerta para os pais e profissionais de saúde

O relatório feito pela OMS acende um sinal de alerta, já que também destaca que profissionais de saúde em todos os países foram abordados pela indústria de alimentação infantil para influenciar suas recomendações às novas mães por meio de brindes promocionais, amostras grátis, financiamento para pesquisas, reuniões pagas, eventos e conferências e até comissões das vendas, impactando diretamente nas escolhas alimentares dos pais. Mais de um terço das mulheres pesquisadas disseram que um profissional de saúde havia recomendado uma marca específica de fórmula para elas. 

Para enfrentar esses desafios, a OMS, UNICEF e parceiros estão pedindo aos governos, profissionais de saúde e indústria de alimentos para bebês que acabem com o marketing de leite em pó explorador e implementem e cumpram totalmente os requisitos do Código. Isso inclui: 

  • Aprovar, monitorar e fazer cumprir as leis para impedir a promoção do leite em pó, de acordo com o Código Internacional, incluindo a proibição de alegações nutricionais e de saúde feitas pela indústria do leite em pó.

  • Investir em políticas e programas de apoio ao aleitamento materno, incluindo licença parental remunerada adequada de acordo com os padrões internacionais, e garantir apoio à amamentação de alta qualidade.

  • Solicitar que a indústria se comprometa publicamente com a total conformidade com o Código e as resoluções subsequentes da Assembleia Mundial da Saúde em todo o mundo.

  • Proibir os profissionais de saúde de aceitar patrocínio de empresas que comercializam alimentos para bebês e crianças pequenas para bolsas de estudo, prêmios, subsídios, reuniões ou eventos.

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Referências

  1. More than half of parents and pregnant women exposed to aggressive formula milk marketing – WHO, UNICEF. Disponível em https://www.who.int/news/item/22-02-2022-more-than-half-of-parents-and-pregnant-women-exposed-to-aggressive-formula-milk-marketing-who-unicef
  2. How the marketing of formula milk influences our decisions on infant feeding. WHO and UNICEF, 2022. Disponível em https://www.who.int/teams/maternal-newborn-child-adolescent-health-and-ageing/formula-milk-industry

 


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