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Quando a ficção se torna realidade na Saúde Digital – Parte 2

Quando a ficção se torna realidade na Saúde Digital – Parte 2
Guilherme Rabello
jan. 26 - 8 min de leitura
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Artigo publicado inicialmente neste link.

A história da Medicina nos ensina como o avanço no conhecimento do corpo humano impactou drasticamente as tecnologias criadas para o tratamento das doenças e dos males que sofremos. Mas a jornada não tem sido fácil, vamos concordar. Muitos dos tratamentos e técnicas utilizadas antigamente são hoje vistas como inaceitáveis ou mesmo bárbaras. E o mesmo se dará daqui a alguns anos quando as novas terapias, que parecem-nos hoje ficção, forem adotadas como “padrão ouro” na Medicina.

Uma cena emblemática desse choque tecnológico na Medicina é a do filme "Star Trek 4: The Voyage Home" (lançado em 1986 pela Paramout Pictures). No filme, a nave Enterprise tinha voltado no tempo até o século 20. Na cena abaixo, o Dr. McCoy junto com seus colegas de tripulação acabam intervindo numa cirurgia prestes a começar. O diálogo é muito representativo deste confronto das tecnologias médicas. Enquanto a equipe cirúrgica do hospital ia realizar um procedimento tradicional para trauma craniano, o Dr. McCoy passa a assumir a cirurgia, colocando um tipo de dispositivo não invasivo na cabeça do paciente para reparar a artéria comprometida. Ele reclama com a equipe médica do hospital dizendo que estavam usando técnicas “medievais”.

No artigo anterior, Parte 1, abordamos alguns exemplos interessantes de como as tecnologias da ficção científica apresentadas nos filmes acabaram se tornando realidade na Saúde, como Impressão 3D de órgãos e tecidos (filme “O Quinto Elemento”), Robôs cirurgiões (filme “Prometheus”), Computadores médicos portáteis em rede (filme “Star Trek: The Next Generation”) e Imagens Holográficas (filme “Star Wars”). Esse processo está cada vez mais rápido e a distinção entre ficção e realidade se torna tênue em muitos casos.

Recebi nos comentários do primeiro artigo algumas sugestões sobre filmes cujas terapias e tratamentos médicos também já estão sendo empregados hoje. Por isso, resolvi incluí-los na lista abaixo. Selecionei mais quatro filmes emblemáticos de como a ficção científica se torna realidade na Saúde Digital:

1) Reconstrução facial – Um amigo cirurgião plástico, Dr. Juan Montano, recomendou o filme “Face-Off” (A Outra Face, lançado em 1997 pela Paramount Pictures/TouchStone Pictures), no qual um agente do FBI troca de lugar com um terrorista ao ter seus rostos trocados cirurgicamente. Vejam a cena abaixo.

Bem, todos nós sabemos que isso é muito simples de ser feito em Hollywood (e aqui me refiro aos estúdios cinematográficos e não aqueles programas que mostram reality shows de cirurgiões plásticos das celebridades), mas na vida real parecia impossível 20 anos atrás! Hoje, nem tanto. Um trabalho publicado em 2016 numa revista científica renomada mostrou a experiência dos últimos 10 anos com transplantes de rostos, sendo que a sobrevida dos pacientes é próxima de 90%. O tema do artigo é “The miracle of face transplantation after 10 years”. A ficção realmente virou realidade.

 

2) Memória Cerebral Aumentada – Há vários filmes que exploraram esta possibilidade de se amplificar a memória do cérebro humano mediante implantes artificiais. Como exemplo podemos citar “The Matrix”, “O Pagamento”, “Total Recall”, “Johnny Mnemonic - O Cyborg do futuro” e “Elysium”. 

Recentemente, mais de 600 autores contribuíram com quase 150 artigos de pesquisa, publicados em Frontiers In Neuroscience, investigando o aumento da capacidade do cérebro. Alguns documentários de ciência estão destacando estes avanços na área de implantes de memória e processamento cerebral.

Uma empresa americana chamada Kernel está buscando inovar radicalmente nesta área da memória cerebral. E outra, chamada Neuralink (que tem como investidor Elon Musk, criador dos carros Tesla), está desenvolvendo interfaces cérebro-máquina de altíssima capacidade para conectar humanos e computadores.

3) Nosso Código Genético – O filme Gattaca (no Brasil lançado em 1997 como Gattaca - Experiência Genética, pela Columbia Pictures) trouxe a discussão se num futuro no qual os seres humanos são escolhidos geneticamente em laboratórios, as pessoas concebidas biologicamente serão consideradas inválidas.

Os debates relacionados as questões éticas das manipulações genéticas estão apenas no começo, mas como mostra o filme, muitos pais hoje já vão aos geneticistas para discutirem seus futuros filhos, quer como prevenção de doenças hereditárias ou preferências físicas.

Duas curiosidades pertinentes ao filme: O nome vem do acrônimo Gattaca: Trata-se da ordenação de uma série de bases nitrogenadas que compõem o DNA (no caso a Guanina Adenina Timina Timina Adenina Citosina Adenina). Ele foi lançado cerca de 4 anos antes do genoma humano (DNA) ser completamente decodificado e quando o custo de decodificação do genoma de uma pessoa era de cerca de um bilhão de dólares (hoje custa cerca de US$1.000).

4) Lentes de contato inteligentes – este é outro tipo de tecnologia que aparece recorrentemente em filmes de ficção. Um dos mais recentes foi o “Missão Impossível 4 – Protocolo Fantasma” (lançado em 2011 pela Paramount Pictures), como vemos nesta cena em que o agente secreto usa uma lente como interface de comunicação.

Mas, na área da Saúde Digital, lentes de contato inteligentes estão sendo desenvolvidas para medir a glicose de diabéticos, como este produto do Google. Quem sabe isso não ajudará a evitar as crises e melhorar a qualidade de vida dos pacientes por não demandar os regulares exames com picada no dedo para tirar sangue? O engajamento do paciente em seu tratamento e o diagnóstico antecipado das alterações de glicose poderão auxiliar no gerenciamento da doença.

A ficção científica e a realidade na saúde estão definitivamente se entrelaçando em uma velocidade crescente. A Saúde Digital incorpora enormes quantidades de inovações que até pouco tempo atrás eram inviáveis física, econômica e éticamente aos pacientes.

Pense no que estamos presenciando como transformação e revolução na Saúde Digital – Big DatawearablesInteligência ArtificialMachine LearningsmartphonesBiosensores, comunicação wireless, etc. A nossa realidade na Saúde Digital hoje é para muitos um filme de ficção!

Que futuro a humanidade e a tecnologia trilharão? Não temos como dizer concretamente, mas que eles estarão cada vez mais entrelaçados, isso sim é fácil de afirmar! Fica aqui a sugestão para assistirem o filme “The future of technology and Humanity: a provocative film by Futurist Speaker Gerd Leonhard” (veja o trailer abaixo).

 

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Leia também os artigos anteriores da série sobre Saúde Digital:

Você pode acompanhar outros textos sobre o tema seguindo a tag SAÚDE DIGITAL, clicando aqui.

 

Abraços a todos!

Guilherme Rabello

Gerência Comercial e Inteligência de Mercado

InovaInCor – InCor / Fundação Zerbini

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