Mulheres com obesidade e que encontram dificuldades para engravidar são frequentemente aconselhadas a perder peso, mas uma nova pesquisa publicada no periódico PLOS Medicine não encontrou benefícios para a fertilidade com a perda de peso.
No estudo aberto, randomizado e controlado (FIT-PLESE), 379 mulheres, de 9 centros de saúde distintos nos Estados Unidos, com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m 2) e infertilidade inexplicada foram distribuídas aleatoriamente em uma proporção de 1:1 para 2 grupos de modificação do estilo de vida pré-concepção. A duração da intervenção foi de 16 semanas e ocorreu entre julho de 2015 e julho de 2018 (acompanhamento final em setembro de 2019), e foi seguida de terapia para infertilidade.
O desfecho primário foi a incidência de nascidos vivos saudáveis (crianças a termo de peso normal sem grandes anomalias).Os dois grupos foram formados da seguinte forma: metade das mulheres fez dieta intensiva com substitutos de refeição, medicamentos e aumento da atividade física. A outra metade simplesmente aumentou sua atividade física sem tentar perder peso. O grupo intensivo sofreu aumento da atividade física e perda de peso (meta de 7%) por meio de substitutos de refeição e medicação (Orlistat) em comparação com um grupo padrão com aumento da atividade física isolada sem perda de peso.
Seguiu-se o tratamento de infertilidade empírico padronizado que consistiu em 3 ciclos de estimulação ovariana/inseminação intrauterina. Os resultados de qualquer gravidez resultante foram rastreados. As mulheres no programa de perda de peso acabaram perdendo, em média, 7% de seu peso corporal, e houve melhorias na saúde metabólica, incluindo uma diminuição acentuada na incidência da síndrome metabólica. Por outro lado, as participantes do grupo apenas de exercícios normalmente mantiveram seus pesos.
No total, 23 das 188 mulheres que completaram o programa intensivo de perda de peso de 16 semanas acabaram dando à luz; entre as 191 que completaram o programa apenas de exercícios, 29 deram à luz. Por fim, os pesquisadores não encontraram diferenças significativas na incidência de nascidos vivos saudáveis [padrão 29/191 (15,2%), intensivo 23/188 (12,2%)].
Com base em suas descobertas, os autores do estudo concluem que o programa de perda de peso não tornou as mulheres mais férteis ou melhorou os resultados do parto em comparação com apenas a realização de exercício físico. Eles observam que os benefícios para a saúde da perda de peso podem não se traduzir em melhores chances de engravidar.
"A perda de peso melhorou a saúde metabólica dessas pacientes. Infelizmente, as mudanças observadas não melhoraram a fertilidade. A infertilidade nessa população continua sendo um importante problema de saúde e exigirá mais estudos para resolver o problema no futuro", dizem os autores.
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Referência
- Legro RS, Hansen KR, Diamond MP, Steiner AZ, Coutifaris C, Cedars MI, Hoeger KM, Usadi R, Johnstone EB, Haisenleder DJ, Wild RA, Barnhart KT, Mersereau J, Trussell JC, Krawetz SA, Kris-Etherton PM, Sarwer DB, Santoro N, Eisenberg E, Huang H, Zhang H; Reproductive Medicine Network. Effects of preconception lifestyle intervention in infertile women with obesity: The FIT-PLESE randomized controlled trial. PLoS Med. 2022 Jan 18;19(1):e1003883. doi: 10.1371/journal.pmed.1003883. PMID: 35041662; PMCID: PMC8765626. Disponível em https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1003883. Acesso em março de 2022.