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Por que a maioria dos fumantes não desenvolve câncer de pulmão?

Por que a maioria dos fumantes não desenvolve câncer de pulmão?
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abr. 18 - 3 min de leitura
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O tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão, mas apenas uma minoria de fumantes desenvolve a doença. Pensando em responder o porquê isso acontece,  cientistas da  Albert Einstein College of Medicine, lideraram  um estudo  publicado na revista Nature Genetics  que sugere que alguns pacientes tabagistas podem ter mecanismos genéticos robustos que os protegem do câncer de pulmão. As descobertas podem ajudar a identificar os fumantes que enfrentam um risco aumentado para a doença e, portanto, devem ser monitorados de maneira mais próxima.

Há muito tempo sabe-se que o tabagismo tem o potencial de desencadear mutações genéticas em células pulmonares previamente normais, mas os pesquisadores encontravam dificuldades na distinção entre mutações verdadeiras e erros de sequenciamento causados pelos métodos laboratoriais. No entanto, a pesquisa em questão conseguiu, por meio de uma nova técnica de sequenciamento chamada amplificação de deslocamento múltiplo de célula única (SCMDA), considerar e reduzir os erros de sequenciamento, fornecendo dados mais confiáveis.

Os pesquisadores utilizaram o SCMDA para comparar a paisagem mutacional de células epiteliais pulmonares normais de dois grupos distintos de pacientes: 14 indivíduos que nunca haviam fumado, com idades entre 11 e 86 anos; e 19 fumantes, com idades entre 44 e 81 anos, que fumaram no máximo 116 anos-maço. As células dos pacientes foram coletadas quando estes foram submetidos à broncoscopia para exames diagnósticos não relacionados ao câncer. 

Após o experimento, os cientistas descobriram que as mutações se acumulavam nas células pulmonares de não fumantes à medida que envelhecem – e que significativamente mais mutações foram encontradas nas células pulmonares dos fumantes. Isso confirma experimentalmente, de acordo com os autores do estudo, que fumar aumenta o risco de câncer de pulmão por intensificar a frequência de mutações, como anteriormente hipotetizado. Esta é provavelmente uma das razões pelas quais tão poucos não-fumantes têm câncer de pulmão, enquanto 10% a 20% dos fumantes ao longo da vida têm.

Outra descoberta do estudo: o número de mutações celulares detectadas nas células pulmonares aumentou de forma diretamente proporcional com o número de anos-maço de tabagismo – e, presumivelmente, o risco de câncer de pulmão também aumentou. Curiosamente, o aumento das mutações celulares parou após 23 anos de exposição.

Os fumantes com maior carga tabágica ​​não tiveram a maior carga de mutação. "Nossos dados sugerem que esses indivíduos podem ter sobrevivido por tanto tempo, apesar de fumarem muito, porque conseguiram suprimir o acúmulo de mutações adicionais. Esse nivelamento das mutações pode resultar do fato de que essas pessoas possuem sistemas muito eficientes para reparar danos no DNA ou desintoxicar a fumaça do cigarro".

 

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Referência

  1. HUANG, Zhenqiu et al. Single-cell analysis of somatic mutations in human bronchial epithelial cells in relation to aging and smoking. Nature Genetics, p. 1-7, 2022. Disponível em: Doi: 10.1038/s41588-022-01035-w.  Acesso em 18 de abril de 2022.

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