Apenas uma em cada quatro pessoas que tiveram COVID-19 e necessitaram de internação hospitalar relataram sentir-se totalmente recuperadas dentro de um ano após receberem alta, de acordo com um estudo conduzido pelo The Post-hospitalisation COVID-19 study (PHOSP-COVID) e publicado no periódico The Lancet Respiratory Medicine.
A pesquisa, apresentada no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas de 2022, incluiu 2.320 pacientes que receberam alta dos hospitais do NHS no Reino Unido entre março de 2020 e abril de 2021. Eles foram avaliados em cinco meses e um ano após a alta, sendo que um total de 807 (32,7%) compareceram às duas visitas.
O estudo descobriu que a proporção de pacientes que relataram recuperação total ficou praticamente inalterada entre as duas visitas: 26% em cinco meses (501 de 1965) e 29% em um ano (232 de 804).
A recuperação foi avaliada usando medidas de resultados relatados pelos pacientes, desempenho físico, testes de função pulmonar e resultados de exames de sangue refletindo a função de múltiplos órgãos e inflamação sistêmica em cinco meses e um ano após a alta hospitalar.
Os fatores associados à menor probabilidade de relatar a recuperação completa em um ano foram ser do sexo feminino (odds ratio 0,68 (intervalo de confiança de 95% 0,46 a 0,99)), ser obeso (0,50 (0,34 a 0,74)) e ter sido submetido à ventilação mecânica invasiva (0,42 (0,23 a 0,76)).
Os sintomas contínuos mais comuns foram fadiga, dores musculares, lentidão física, falta de sono e falta de ar. Os pesquisadores encontraram prejuízos substanciais na qualidade de vida relacionada à saúde em 5 meses e 1 ano em comparação com pontuações autorrelatadas retrospectivas antes da infecção por COVID-19.
Os pesquisadores descobriram que ser obeso, ter capacidade de exercício reduzida, um maior número de sintomas e níveis aumentados do biomarcador inflamatório proteína C reativa (PCR) estavam associados aos clusters mais graves. Os níveis do biomarcador inflamatório interleucina-6 (IL-6) também foram maiores nos grupos “muito grave” e “moderado com comprometimento cognitivo” do que no grupo “leve”.
Sem tratamentos eficazes, os pesquisadores alertam que a COVID-longa (long-COVID) pode se tornar uma nova condição de longo prazo altamente prevalente, que trará muitos prejuízos à saúde de um grande contingente de pacientes.
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Referência
1.EVANS, Rachael Andrea et al. Clinical characteristics with inflammation profiling of long COVID and association with 1-year recovery following hospitalisation in the UK: a prospective observational study. The Lancet Respiratory Medicine, 2022.Lancet Respir Med 2022 (published online 23 Apr). Disponível em: Doi:10.1016/S2213-2600(22)00127-8. Acesso em 28 de abril de 2022