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Pesquisadores brasileiros sugerem que microplásticos suspensos no ar podem favorecer disseminação do Sars-CoV-2

Pesquisadores brasileiros sugerem que microplásticos suspensos no ar podem favorecer disseminação do Sars-CoV-2
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set. 12 - 3 min de leitura
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Os microplásticos são partículas geradas durante o longo processo de decomposição do plástico, que pode durar mais de cem anos. Ao longo do tempo, micropartículas se desprendem de objetos feitos de plástico e, justamente por serem muito pequenas, ficam suspensas no ar. Assim, podem se juntar a outras micropartículas de poluição e também a patógenos, podendo ser inalados em conjunto pelos seres humanos. 

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) buscou avaliar se há uma correlação entre a quantidade de microplástico presente no ar e o vírus causador da Covid-19, o Sars-CoV-2. Eles coletaram amostras de ar nos arredores de um hospital no início de 2022 e observaram que os filtros com mais quantidade de microplástico também apresentavam uma carga maior de RNA do SARS-CoV-2. Os resultados do estudo, publicado no periódico Environmental Pollution, sugerem que o vírus pode se ligar às partículas de microplástico suspenso no ar e ser mais facilmente carreado para dentro do corpo humano. 

O material encontrado no ar foi analisado em microscópio de fluorescência e todos os instrumentos usados pelos pesquisadores (luvas, recipientes e materiais) eram livres de plástico para evitar contaminação. A composição polimérica (diferentes tipos de plástico) foi caracterizada por microespectroscopia de infravermelho. A carga viral foi, por sua vez, quantificada por teste de rtPCR. 

Os pesquisadores obtiveram resultado positivo para SARS-CoV-2 em 22 das 38 amostras coletadas (57,8%). O poliéster foi o polímero mais frequente, presente em 80% dos casos. Os resultados sugerem uma curva exponencial, que demonstra que quanto maior a quantidade de microplásticos, maior a quantidade de partículas virais. 

Por fim, os autores afirmam que devemos esperar aumentos substanciais nos microplásticos presentes no ambiente devido ao uso generalizado de descartáveis​ (incluindo equipamentos de proteção) durante a pandemia. Eles concluem que o campo de pesquisa sobre a interferência da poluição na saúde humana está apenas começando e que mais esforços são necessários para evitar complicações e agravamentos na transmissão de patógenos.  

Referências: 

Amato-Lourenço LF, de Souza Xavier Costa N, Dantas KC, Dos Santos Galvão L, Moralles FN, Lombardi SCFS, Júnior AM, Lindoso JAL, Ando RA, Lima FG, Carvalho-Oliveira R, Mauad T. Airborne microplastics and SARS-CoV-2 in total suspended particles in the area surrounding the largest medical centre in Latin America. Environ Pollut. 2022 Jan 1;292(Pt A):118299. doi: 10.1016/j.envpol.2021.118299. Epub 2021 Oct 7. PMID: 34626707; PMCID: PMC8494494. Disponível em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0269749121018819?via%3Dihub


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