Artigo publicado inicialmente neste link.
Diz o ditado popular que “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Então, quanto vale um filme? Bem, se for um filme de Hollywood pode valer centenas de milhões de dólares, mas se for do Youtube, então vale milhões de views!
O Youtube foi lançado 14 de fevereiro de 2005. Em um pouco mais de uma década é o 3º site mais visitado do mundo. Mas o que mais impressiona são alguns dos números do Youtube que refletem uma mudança radical no modo como nós temos consumido conteúdo visual. Por exemplo, você sabia que:
- O número total de pessoas que utilizam o YouTube é superior a 1,3 bilhão
- 300 horas de vídeo são carregados para YouTube a cada minuto!
- Quase 5 bilhões de vídeos são assistidos no YouTube todos os dias.
- O YouTube recebe mais de 30 milhões de visitantes por dia
- O número total de horas de vídeo assistidos no YouTube a cada mês é de 3,25 bilhões.
- 80% das visualizações do YouTube são de fora dos EUA
- A sessão média de visualização móvel no Youtube dura mais de 40 minutos
- Mais da metade das visualizações do YouTube vêm de dispositivos móveis.
Fonte: Youtube Statistics, 2017
Uma das áreas em que a plataforma do Youtube tem sido bem relevante é no ensino. As pessoas acessam para aprender sobre coisas que tem dúvida, curiosidade e novas habilidades. Quem nunca se pegou naquela dúvida: “Como é que se faz isso mesmo?”, e daí abriu o Youtube e foi ver se tinha algum vídeo tutorial? De culinária, artes manuais, exercícios, conserto de equipamentos eletrônicos, aplicação na bolsa de valores, tirar aquela mancha na roupa, etc., para tudo existe algum vídeo explicativo disponível a todo instante (curto ou longo, bom ou ruim, ao gosto do freguês). E pelos números que apresentei, esse acervo só cresce.
Por isso, podemos dizer que na área de saúde e medicina o Youtube não seria diferente, ele também causa impacto e está ajudando a transformação digital do aprendizado e do conhecimento. Há uma quantidade enorme de conteúdos publicados, de todos os tipos, qualidades e assuntos. Várias universidades de medicina renomadas já possuem seus canais no Youtube fornecendo conteúdo de qualidade e até grátis. Podemos dizer que nesse sentido não falta opção.
Porém, uma questão relevante é se esses conteúdos do Youtube estão realmente ajudando os usuários – pacientes ou profissionais da saúde?
No caso de estudantes de medicina, uma publicação abordando esse tema (YouTube In Medical Education, National Journal of Basic Medical Sciences | Volume 7 | Issue 3 | 2017) mostrou que dos 91 alunos que tiveram acesso a um canal do Youtube para estudar anatomia humana, 92% afirmaram que o material em vídeo os ajudou a aprender mais rápido e melhor anatomia. Outros estudos tem sido publicados na mesma linha e demonstrado resultados similares.
Um outro trabalho científico interessante foi publicado com o título “Avaliação do Valor Educacional dos Vídeos do YouTube sobre o Exame Físico dos Sistemas Cardiovasculares e Respiratórios” e mostrou que dentre 1920 vídeos pesquisados sobre o exame clínico dos sistemas cardiovascular e respiratório, foram considerados relevantes apenas 20 para exames cardiovasculares e 36 para exames respiratórios. A conclusão óbvia foi que um pequeno número de vídeos (menos de 3%), nesse tema específico, foram identificados como educativamente úteis, mas que eles poderiam ser utilizados por estudantes de medicina para a aprendizagem independente e pelos professores clínicos como recursos de aprendizagem. O diferencial para fazer a triagem dentre tantos conteúdos no Youtube foi o sistema de pontuação utilizado nessa pesquisa publicada, que se mostrou simples, fácil de aplicar e pode ser usado por outros pesquisadores em tópicos similares.
Mas como fazer essa separação do “joio do trigo”? Bem, uma busca por assuntos específicos e depois por conferir quem é a fonte responsável daquele material já ajuda muito. O Google recentemente fez uma parceria com um hospital renomado no Brasil para poder ajudar na triagem de informações médicas no seu sistema de busca. Isso aumentou a qualidade dos resultados e também reduziu o risco das pessoas irem de imediato para sites inseguros e imprecisos quando o tema pesquisado é relacionado com termos médicos e de saúde. E há trabalhos científicos muito bons que indicam novos mecanismos e algoritmos de pesquisa para se achar os vídeos de saúde que são relevantes.
Pense: será que você iria tranquilamente se consultar sobre um problema delicado de saúde com alguém que nem diploma de Medicina possui? Dificilmente. Assim, uma pesquisa cuidadosa de conteudistas de boa reputação nos ajudará a encontrar vídeos de qualidade no Youtube. Há um site com algumas sugestões de excelentes canais (em inglês) sobre Medicina e Saúde no Youtube, clique aqui para conferir.
Um outro aspecto interessante no qual o Youtube está transformando a Saúde Digital é por permitir que os pacientes tenham acesso a informações sobre suas doenças, tratamentos, exercícios, terapias e muito mais. Há um verdadeiro empoderamento do paciente quando ele passa a entender o que acontece com seu corpo. E fazer isso de modo simples é empoderar socialmente, visando as pessoas mais leigas que não falam o “mediquês”. Nesse caso, “um bom filme vale uma vida” com qualidade e dignidade!
Revista americana Time anunciou na sua capa o Youtube como pessoa do ano em 2006
Duas décadas foram suficientes para que a Internet se tornasse parte integrante das nossas atividades diárias. Os alunos atuais, muitas vezes chamados de geração do YouTube, Millennials, Generation Y, Net Generation, provavelmente não estarão satisfeitos com métodos tradicionais de ensino e aprendizagem. Os estudantes de medicina geralmente preferem métodos mais visuais e práticos de aquisição de informações e conhecimento. Nisso veremos grandes mudanças com o uso de recursos como a Realidade Virtual e Aumentada, sobre o qual já escrevi anteriormente.
O Youtube está em muitos sentidos ajudando na transformação digital da Saúde e da Medicina, ao permitir que tenhamos acesso a um mundo novo de informação e conhecimento!
Se gostou deste Post, compartilhe, comente, dê sugestões.
Leia também os artigos anteriores da série sobre Saúde Digital:
A Inteligência Artificial capacitando novos agentes no ciclo da Saúde
Os Wearables da Saúde – A fronteira final na Medicina personalizada?
Biosensores – Em breve teremos um permanente em nosso corpo!
A escolha que enfrentamos na Saúde: entre seres humanos mecanizados ou máquinas humanizadas!
Saúde Digital é diferente de digitalizar a Saúde – como mudar nosso conceito?
Não estranhe, seu médico ainda lhe prescreverá alguns aplicativos (Apps) para sua Saúde Digital!
Atenção! Qualquer aplicativo para Saúde Digital tem indicação e contraindicação, como sua medicação.
Na era da Saúde Digital o Homem Biônico não vive apenas em Hollywood!
A Saúde 4.0 não virá apenas da transformação digital, mas também da social!
Big Data x Right Data – como achar a informação certa na Saúde Digital?
O novo modelo de negócio da Saúde chama-se “Paciente Engajado”!
"O paciente irá vê-lo agora, doutor": como a Saúde Digital fortalece a mudança na medicina
Inovação na Saúde Digital não é apenas uma questão de Ideias, mas sobretudo de Visão!
Quando a ficção se torna realidade na Saúde Digital – Parte 1
Quando a ficção se torna realidade na Saúde Digital – Parte 2
Na era da Saúde Digital, a doença pode ser crônica, mas o paciente não precisa ser!
Aonde a Transformação Digital nos levará? Uma breve análise do case "SAP Leonardo"
Na Saúde Digital, qual o limite para o uso da Inteligência Artificial?
Você pode acompanhar outros textos sobre o tema seguindo a tag SAÚDE DIGITAL, clicando aqui.
Abraços a todos!
Guilherme Rabello
Gerência Comercial e Inteligência de Mercado
InovaInCor – InCor / Fundação Zerbini