Está bem documentado na literatura científica que a atividade física regular está associada à redução do risco de doenças cardiovasculares e morte prematura. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a American Heart Association (AHA) recomendam a prática de pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de moderada intensidade ou 75 minutos de atividade de alta intensidade, ou uma combinação de ambos, para a prevenção de doenças cardiovasculares.
No entanto, um artigo publicado na revista Circulation sobre uma análise de mais de 100 mil participantes durante um período de acompanhamento de 30 anos demonstra que adultos que realizam duas a quatro vezes a quantidade atualmente recomendada de exercício físico têm um risco significativamente reduzido de mortalidade.
Os pesquisadores analisaram dados de mortalidade e registros médicos coletados de dois grandes estudos prospectivos: o Estudo de Saúde de Enfermeiras e o Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde (Nurses' Health Study e Health Professionals Follow-Up Study) de 1988 a 2018. Cerca de 63% dos pacientes recrutados eram do sexo feminino e mais de 96% eram adultos brancos. Eles tinham uma idade média de 66 anos e um índice de massa corporal (IMC) médio de 26 kg/m².
O nível de atividade física foi autorrelatada por meio de um questionário validado de frequência bianual. Os questionários, atualizados e ampliados a cada dois anos, incluíam perguntas sobre informações de saúde, doenças diagnosticadas por médicos, histórico familiar e hábitos como tabagismo, consumo de álcool e frequência de exercícios. A atividade moderada foi definida como caminhada, exercício de baixa intensidade, levantamento de peso e calistenia. Atividade vigorosa incluiu jogging, corrida, natação, ciclismo e outros exercícios aeróbicos.
A redução de mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) girou em torno de 28-38%para os participantes que realizaram duas a quatro vezes acima da quantidade recomendada de atividade física moderada (300-600 min/semana) e 25-27% por mortalidade não-DCV, para um total de 26-31% menor risco de mortalidade por todas as causas.
Já os participantes que realizaram de duas a quatro vezes acima da quantidade recomendada atividade física vigorosa, tiveram um risco observado 27-33% menor de mortalidade por DCV e 19% de mortalidade não-DCV, para um total de 21 -23% menor risco de morte por todas as causas.
Ademais, não foram encontrados quaisquer efeitos prejudiciais à saúde cardiovascular entre os adultos que relataram praticar mais de quatro vezes os níveis mínimos de atividade recomendados. No entanto, a prática de atividade física de longa duração e de alta intensidade (≥300 minutos/semana) ou atividade física de intensidade moderada (≥600 minutos/semana) em níveis superiores a quatro vezes o mínimo semanal recomendado não forneceu nenhuma redução adicional no risco de morte.
Os pesquisadores observaram também que as pessoas que realizam menos de 75 minutos de atividade vigorosa ou menos de 150 minutos de atividade moderada por semana podem ter maiores benefícios na redução da mortalidade realizando consistentemente aproximadamente 75-150 minutos de atividade vigorosa ou 150-300 minutos de exercício moderado por semana, ou uma combinação equivalente de ambos, a longo prazo.
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Referências:
Lee, D. H; Rezende, L. F. M; Joh, H. K.; et al. Long-Term Leisure-Time Physical Activity Intensity and All-Cause and Cause-Specific Mortality: A Prospective Cohort of US Adults. Circulation, 25 jul 2022. Disponível em https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCULATIONAHA.121.058162