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Multivitamínicos e outros suplementos: desperdício de dinheiro?

Multivitamínicos e outros suplementos: desperdício de dinheiro?
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jun. 22 - 3 min de leitura
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Mais da metade dos adultos toma algum tipo de suplemento alimentar, e o uso destes produtos no mundo deverá continuar a aumentar. Somente em 2021, os estadunidenses gastaram cerca de US$ 50 bilhões em suplementos e a indústria de suplementos alimentares investiu cerca de US$ 900 milhões em marketing.

O apelo dos suplementos é muito forte. Vitaminas e minerais têm efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios que em teoria evitam o desenvolvimento de doenças, como doenças cardiovasculares e câncer. Por um lado, sabe-se que o consumo de frutas e vegetais está associado à diminuição do risco destas doenças, o que torna razoável o pensamento que vitaminas e minerais essenciais poderiam ser extraídos e concentrados em uma pílula, e as pessoas poderiam evitar a dificuldade e os custos de manter uma dieta equilibrada. 

No entanto, os alimentos integrais contêm uma mistura de fibras, vitaminas, minerais, fitoquímicos e outros nutrientes que provavelmente atuam de forma sinérgica no benefício à saúde, e micronutrientes isolados podem agir de forma distinta no corpo. 

 A maioria dos pacientes encara os suplementos como, na pior das hipóteses, produtos preventivos benignos, afirmam os pesquisadores. Entretanto, os danos reais destes produtos não são estudados tão extensivamente quanto os dos produtos farmacêuticos. Muitos pacientes não relatam o uso de suplementos dietéticos, levando a uma oportunidade perdida de discutir questões de segurança com os pacientes. 

Desta forma, cientistas da Northwestern Medicine publicaram, em 21 de junho, um editorial no periódico JAMA afirmando que, para indivíduos saudáveis e mulheres não-grávidas, o uso de suplementos e vitaminas representam um desperdício de dinheiro pois não há evidências suficientes de que estes ajudem a prevenir doenças cardiovasculares ou câncer.

Este editorial vem para apoiar as novas recomendações da Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF), um painel de especialistas nacionais que faz recomendações baseadas em evidências sobre prevenção de doenças.

Com base em uma revisão sistemática de 84 estudos, as novas diretrizes da USPSTF afirmam que há evidências insuficientes de que tomar multivitamínicos, suplementos pareados ou suplementos únicos pode ajudar a prevenir doenças cardiovasculares e câncer em adultos saudáveis ​​e não grávidas.

Tal publicação alerta, ainda, contra a suplementação de betacaroteno pois existe um possível aumento do risco de câncer de pulmão. Os autores também sugerem que, quando o profissional de saúde precisa conversar com o paciente sobre suplementação, perde-se tempo de aconselhamento sobre como realmente reduzir os riscos cardiovasculares, através de exercícios físicos, a adoção de uma dieta equilibrada ou a cessação do tabagismo.

Eles ainda reiteram que indivíduos que têm deficiência de vitaminas podem se beneficiar da ingestão de suplementos alimentares, como cálcio e vitamina D, que demonstraram prevenir fraturas e talvez quedas em adultos mais velhos.

Além disso, pacientes grávidas devem sim fazer a suplementação de ferro e ácido fólico obrigatoriamente, a fim de garantir um desenvolvimento fetal saudável e evitar complicações gestacionais. Ademais, os autores reforçam que os médicos do pré-natal devem estar atentos para orientar hábitos de vida saudáveis a fim de otimizar a saúde cardiovascular antes, durante e após a gravidez.

 

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Referências:

Jia J, Cameron NA, Linder JA. Multivitamins and Supplements—Benign Prevention or Potentially Harmful Distraction? JAMA. 2022;327(23):2294–2295. doi:10.1001/jama.2022.9167. Disponível em https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2793472


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